quarta-feira, 8 de junho de 2011

Você é para?

Corredor da radiologia...

Desconhecido 1: - Você é para?

Desconhecido 2: - Sim e você?

Desconhecido 1: - Também, 10 anos de estrada. E você?

Desconhecido 2: - Eu 4. Mas estamos vivos, graças a Deus.

Desconhecido 1: - Podes crer.

Silêncio longo...olhares para minha direção.

Desconhecido 1: - E você?

Eu: - Eu? Não sei. Ainda estou fazendo exames.

No balãozinho acima da minha cabeça: "sabia, sabia que eles iam falar comigo!!!! Tinha certeza!!! Agora vão perguntar um monte de coisas que não sei responder, quer ver?"

Desconhecido 1: - Sim, mas você tem domínio das pernas?

Eu: - Não.

"Não disse!!! Pile poil, ma poule!!!” –  Tradução: “bem na mosca, minha filha!!!”

Desconhecido 2: - Mexe os braços, as mãos, a cabeça, parte do tronco?

Eu: - Sim.

Desconhecido 1 e 2 (em coro): - Então é para!

Eu: - Ah tá, então eu sou – Soltei aquele riso mais sem graça.

Desconhecido 1: - Tem bolsa?

Eu: - Como? Mochila?

Desconhecido 1: - Não, sonda.

Eu: - Ah tá. Não mais. – Eu respondi já com Vergonha de ser cadeirante novata.

Desconhecido 2: - Sorte sua, é o mais chato.

Eu: - É... eu sei.

Desconhecido 1: - Vai se internar?

Eu: - Vou. Não sei quando ainda – Pensei "Melhor responder adiantado logo".

Desconhecido 1: - Vão te ensinar a trocar de roupa sozinha, a empinar a cadeira para subir degraus. Transferência. Eles são muito bons aqui.

Eu:- Hum... (no meu balãozinho secreto: "que merda...eu quero é andar!").

Desconhecido 2: - Foi o quê?

Eu: - Como aconteceu?

Desconhecido 1: - É.

Eu: - Queda.

Desconhecido 1: - De moto?

Eu: - Não, de arquibancada.

Desconhecido 1: - Já vi de tudo aqui. É sua "primeira" vez aqui?

Eu: - É... ("Como assim? É sério que vou ficar vindo?").

Desconhecido 1: - No começo é ruim, depois você se acostuma.

Eu: - Hum... ("Caraca, quer dizer que sou mesmo "para"?").

"Fulano de tal" – a enfermeira chamou um dos dois e nos dispersamos.

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