terça-feira, 7 de junho de 2011

Abrindo o parêntese

Seguindo a apresentação, sem olhar para o passado. Não é assim que todos dizem? Talvez seja melhor descrever-me a partir de agora. Eu seria mais "legível" e sua leitura mais ágil...além do que, você entenderia menos minha dor. Acredite...é melhor querer entender menos, do que pensar entender mais...como agora. Eu me sinto uma boba por ter pensado entender as dores desses personagens reais que dizemos servir de exemplo, mas isto não passa de um devaneio de nossa pretensiosa sensibilidade e bondosa consciência. Sem mais delongas...você chegou nesse parêntese de minha vida que se abriu sem data para fechar. Eu estava indo aplicar uma prova de basquetebol em uma turma do curso de educação física da universidade onde trabalho. Sim, porque sou professora de educação física – ou era, já não sei mais (ironia nº 1?). A descida dos degraus foi interrompida quase no começo da arquibancada, meus pés alçaram voo diante de minha impotência, num movimento súbito de escorrego, sem tempo para me corrigir. Senti uma pancada violenta no meio de minhas costas e a projeção de minha cabeça contra o corrimão de ferro. Apenas isso. Desmaiei. Fui arremessada como uma boneca de pano. Voltei minutos mais tarde, mas meu corpo não. Nada se movia, só minhas lágrimas. Samu, UTI, soro, medicação, exames de imagens, sonda, oxímetro, tensiômetro, termômetro, agulhas, banhos na cama, visitas curtas, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicóloga. Minha cabeça e eu. Diagnóstico: trauma raquimedular, formação de edema entre T7 e T10, com paraparesia crural. Lesão incompleta...perda da força e sensibilidade nos membros inferiores. Dez dias e saí de lá com algum progresso: sem sonda, nem fraldas. Força recuperada nos membros superiores e sensibilidade do corpo inteiro. "Movimentos débeis" na ponta dos pés. Razão de muita comemoração na visualização de um bom prognóstico, mas sem garantias.

8 comentários:

  1. Me pego penssando se tivesse visto a cena. Apessar te te-la imaginado... Uma pessoa que vc gosta,é dificil ve-la dessa forma tão fragil.
    Quando fiquei sabendo,imaginei isso e´uma pegadinha. haaa peguei vc.
    Más não era...
    Me senti sem chão,perguntas: O que eu fç para ajuda-la? Onde ela estar agora? Primeiras perguntas que surgem...
    Dias depois estou eu e Gabi,visitando a mesma que passou por tudo isso. Minha vontade intimamente era de abraça-la bem forte; e que ali fosse junto um pouco de minhas energias. Más acho que fiquei tão paralisada que nem notei.
    Hj com esse texto,digo: ESTAMOS SUJEITOS A TUDO.
    Bjao linda se cuida!

    ResponderExcluir
  2. Eu lamento muito isso que aconteceu... E lamento mais por não tê-la acompanhado de perto, envolvido que estava na minha rotina... Não sei como nem por que estas "reticências" foram escritas após seu parêntese... Mas não acredito em acaso... Simplesmente porque não somos fruto dele... Somos seres causais e o que nos acontece também é causal... Nossa história, do parêntese até a última vírgula, foi e está sendo escrita pelas nossas mãos, nesta e/ou em outras vidas... Isto não é teoria, é prova científica... Mas é também intuição (sentido divino que Ele nos deu)... Utilize a sua e pergunte-se não o "porque" do ocorrido, mas "o que" ele significa... Queria muito, agora, passar a mão nos seus cabelos, lhe dar um cheiro, lhe abraçar... Eu sempre achei (e acho!) vc tão linda... Você sempre viu isso nos meus olhos, não é verdade? Mas tenho que lhe dizer: há uma lição por trás de tudo... Qual a sua? Qual a minha?... Há sempre uma lição... Estamos aqui para vivenciá-las e aprendê-la(s)... São tantas... E às vezes tão difíceis... Vc me ajudou a compreender algumas das minhas... Espero poder retribuir, mas não tenho a pretensão da certeza... Só da tentativa... Porque gosto de você... Desculpe não ter ficado perto. Desculpe... Eu queria tanto lhe rever naquela segunda feira... Eu fui até o seu flat mas vc não estava lá... Aí, depois, nada deu certo... Espero que vc volte logo... Rominho.

    ResponderExcluir
  3. A gente pensa que sabe muito, sobre tudo, 10, 15, 20 anos de estudo, anos e anos trabalhando, vida a fora passando por incontáveis obstáculos, para nos depararmos com a própria fragilidade do nosso corpo, e daí tudo o que pensamos saber, simplesmente evapora, somos nós mesmos tentando lidar com essa força maior, a vida, que nos impõe obstáculos, não para nos parar, mas sim para nos motivar a continuar em frente, e tudo o que pensávamos saber, tem que ser revisto, reestudado, reestruturado para se adaptar às novas realidades que se apresentam, por isso seu que o parêntese foi aberto, mas que será fechado com enorme conteúdo de qualidade para fazer valer a situação apresentada, e sei que vc fará isso melhor que ninguém, pq pelo q conheço de ti, força e vontade de aprender e reaprender vc tem...
    Força pra ti, bjs...
    Artur Toshimitsu

    ResponderExcluir
  4. Pois é moça...e assim vamos seguindo.Pode deixar que me senti abraçada, Beijo

    ResponderExcluir
  5. Então Artur...faltava você por aqui. Reviravolta de tudo para chegar dentro da gente. Em usca do significado sem perder o trem da história. Sigo meus dias. Bjo e obrigada pela visita.

    ResponderExcluir
  6. AS vezes queria muito ser o Che Guerava do tempo, poder voltar e mudar muitas coisas. quem sabe seria um aluno que falaria para a senhora descer com cuidado. Mas as provas foram feitas para passarmos e vencer las. Parabéns

    ResponderExcluir