terça-feira, 7 de junho de 2011

Como os conheci

Não lembro exatamente quando os conheci. Lembro como e quem foi o primeiro. Bem nas telas do cinema, aquele homem de azul e vermelho confundido com um pássaro (ou um avião?) que caiu de um cavalo “na vida real”1 para enclausurar-se em seu corpo imóvel. Poucos anos depois, descobri em um livro o cara que mergulhou de cabeça em lago raso2 dando adeus a felicidade de seu ano velho. Em seguida, o atleta recordista que tinha "pulo" em seu nome3, amputa a perna após um acidente de carro, assim como o grande velejador4 também se despede da sua em uma hélice no mar. Por último, Bauby5, um editor de revista após um AVC descreve pelas asas de suas pálpebras o quão encarcerado ficou em seu "escafandro".

Senti-me comovida pelas perdas tão impiedosamente definidas e fatais. E eu ainda não falei dos anônimos, muito mais numerosos. Esses que nem tiveram chance de tornar-se heróis. Sem escolhas, foi assim. Sim...comovi-me ao descobrir essas vidas surpreendidas pelo acaso. Pelo acaso? O super-homem que não voava mais...aliás, nem sequer se mexia mais, precisando de respiração mecânica? O João do pulo que não "pulava" nunca mais? Ou pior, só se deslocaria quase se pulasse? Não seria o caso de descrever uma sutil ironia sarcástica no teor dessas histórias? A vida nos prega peças...e eu gostaria imensamente de saber onde se situa a minha...ah sim...desculpe não ter me apresentado. É que você caiu na minha vida, assim, do nada, como eu caí naquele dia 12 de abril de 2011 descendo as arquibancadas de um ginásio de esportes para uma aula de basquetebol, veja você. Você apareceu agora, de surpresa, assim como minha queda surgiu. Vamos começar a apresentação de minha vida daqui mesmo?

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1 Christopher Reeve, ator norte-americano indicado ao prêmio BAFTA pelo filme “Superman”.
2 Marcelo Rubens Beyrodt Paiva, um escritor, dramaturgo e jornalista brasileiro, autor do livro “Feliz ano velho”.
3 João Carlos de Oliveira, conhecido como João do Pulo, atleta brasileiro, ex-recordista mundial, medalhista olímpico e tetracampeão panamericano do salto triplo.
4 Lars Schmidt Grael, velejador medalhista olímpico brasileiro.
5
Jean-Dominique Bauby, jornalista, editor e escritor francês, autor do livro “O escafandro e a borboleta”.

13 comentários:

  1. Li todos os posts e emocionei-me!
    Bjo no fundo do seu coracão e chame Deus todos os dias para ficar com vc!!!

    Luizinho Lopes.

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  2. Então obrigada pela "escuta" emocionada...e pode deixar, tô no colo dele...

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  3. Poeta ou Poetisa? Não importa... qualquer delas está tirando vc da inércia.

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  4. Parabéns, como vc escreve bem, é emocionante conseguir botar beleza numa experiência difícil, talvez daí venha sua força e com certeza esperança...tudo de bom. Serei uma leitora assídua. Izabelle

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  5. Adriana...pode-se dizer que a inércia está mexendo comigo! rs...

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  6. Oww Izabelle...obrigada pela surpresa boa...estou "resultando" disso tudo,,venha sim ver, estarei postando.

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  7. é muito triste mais amesmotempo é legal para as passoas ver que pura realidade para as pessoa se basear nesssa pessoa que legal

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  8. Sim, você é um parênteses aberto. Mas, diferente do ortográfico. Porque esse outro parênteses (o que fecha), pra vc não existe... Você é uma eterna história de mudança, crescimento e comunhão... Seguindo para a luz do seu destino, que nunca será o final... Você é (assim como eu) um espírito imortal... Que se veste de um corpo, hoje talvez debilitado, mas que segue inexorável para a copa das laranjeiras prateadas... Onde o fruto mais saboroso chama-se a descoberta de si mesma... Eu voltarei, Pimenta... Um post por vez... Eu comecei apenas hoje... Mas como somos eternos e irmãos... O tempo não importa. Um beijo e fique com Deus.... Ele é bom... Rominho

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  9. Kalina infelizmente passei pouco tempo perto de você mas felizmente tive o privilegio de estar em sua presença, realmente além de ser uma das melhores professoras que já tive é uma das melhores pessoas que já conheci, gostaria de saber como anda sua evolução clínica.
    Beijos.

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  10. Boa Kal....
    o jeito como encaramos as coisas é que nos motiva ou não, e pelo que li, pude ver que vc esá motivada a superar mais essa, força é vida, e sei que no momento vc está cheia de força, portanto, cheia de vida, e é isso que nos engrandece...
    só se lembre sempre:
    "a inércia nunca pára de deixar as coisas paradas, então pq nós aceitaríamos isso, se nem a inércia nunca pára, pq nós pararíamos?"
    bj grande, muita força pra ti, Sunao

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  11. Rominho: Volte sim...sua presença é importante para o enfrentamento de minha descoberta. Bjo meu.
    Wanderson: surpresa boa você por aqui. Gostei mais de ser uma pessoa boa para você que uma professora competente...siga o blog, você verá como estou indo. Faça sinal de vida. Bjo

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  12. Então Artur...a força dá sequência e garante o movimento. Assim sigo...feliz por "ver" você por aqui. Bjo

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