sexta-feira, 1 de julho de 2011

Minha melhor versão: só cinéfilos entenderão!

Nunca tive super herói preferido... lembro que eu amava os braceletes da mulher maravilha, a audição da mulher biônica e o nado do homem do fundo do mar. Mas na minha imaginação me vesti na pele de muitos deles...já imobilizei bandidos, escolhi a cor exata para cortar o fio da bomba, desarmei minas, manobrei duas ou quatros rodas a toda velocidade, conduzi hélices ao redor do mundo, arqueei asas para chegar a tempo e evitar acidentes...já lutei contra dragões, cowboys e robôs...sangue, suor e lágrimas...corri no escuro mais que o Forrest Gump, escalei montanhas, nadei em correntezas...é... já fiz tudo isso me imaginando salvar o mundo como a Amélie Poulain em seu Fabuloso destino...Hoje estou eu aqui...vestida de Na'vi domando "Toruk" (minha cadeira de rodas)... com minha bioluminescence armada de tinta para refazer as arestas, afiando o punho para reescrever histórias em meu avatar...abro meu "álbum de recortes"...uma espécie de memória em imagens que se eternizaram...o que eu faria diferente? Deu vontade mesmo de recolorir "A lista de Schindler"... fazer o Toto quebrar o combinado com o Alfredo e reatar os laços visitando Giancaldo de vez em quando em "Cinema Paradiso". Eu refaria uma nova versão da máquina de apagar memórias para ter um "Brilho eterno de uma mente sem lembranças"...mas suprimiria somente as lembranças ruins. Eu gritaria palavras de amor na chuva do alto do entulho de ferro para ecoar no abismo da "Hora de voltar". Eu teria salvado Christopher do abrigo daquele ônibus em "Natureza selvagem"...ele teria voltado a tempo, antes daquela inundação. Eu teria comido todos os dias aquela torta que ninguém queria em "My blueberry nights", sem precisar esquecer para sempre as chaves de casa com o barman. Eu não teria deixado Hansard partir sem saber a tradução da resposta da Irglová em eslocavo (MILUJU TEBE) para a pergunta "você o ama?" era exatamente "eu amo você" em "Apenas uma vez". Eu entregaria em mãos aquela carta jamais lida "No amor e na guerra" para descobrir como tudo teria sido se ela tivesse chegado a seu destino. Eu teria insistido para o Esposito não privar "O segredo de seus olhos" e confessar seu amor a Irene naquela despedida. E "Quem quer ser um milionário" pagando cada resposta com um sofrimento vivido? Eu teria promovido o encontro no pós-guerra naquele campo de capturados entre aquele militar alemão e Wladyslaw, "O pianista" polaco salvo pelo encantamento de sua música, por que não? Eu teria provocado o reencontro do Daigo Kobayashi e seu pai antes de seu acondicionamento na "A Partida"... eu encontraria um exoesqueleto ou a solução das células tronco para o Bauby sair de seu "O escafandro e a borboleta". Eu teria retirado aquele obstáculo no meio do mergulho do Ramón Sampedro de "Mar adentro" e aquele banco vermelho que aparou a queda da "Menina de ouro" no ringue...eu teria refeito algo para ter um outro fim, um outro gosto, uma dor mais amena...talvez mais justo ou inusitado...ou pelo menos mais feliz... mas talvez, alterar o trajeto da vida, transformaria a mágica de todas essas histórias...e perderia o sentido. E eu, em minha versão... será que valeria ter modificado?

3 comentários:

  1. Na Festa de Babete as protagonistas chegam à conclusão que mesmo por caminhos diversos o resultado seria o mesmo... ou será que eu é que concluí diferente? Talvez o melhor a fazer seja aproveitar a vida com bons amigos e excelente comida rs

    ResponderExcluir
  2. Humrum...interpretou certo...os caminhos saõ diversificados, mas temos que ficar atentos com os ingredientes!

    ResponderExcluir
  3. Que lindo!
    Bom ter noticias tuas!
    To chegando agora...e percorrendo o seu caminho, pouco a pouco..
    Mas em breve eu te alcanço!

    Bjokas

    ResponderExcluir