sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Minha lesão parceira


Retomando em retrospectiva:

Progressões óbvias a cada treinamento. Saí das moletas e agora só bengala na mão direita. Tônus que pulsa, pernas reforçadas, o cérebro é que cansa reaprendendo a andar. O chão ficou longe nas passadas sem encontro certeiro, concentração exaustiva. A alegria esfuziante e ainda contida. Cheguei no paredão. Você já sabe o que isso significa: em breve estarei em casa. Revejo, revisito, reexisto nas cenas arrancadas de uma tristeza profunda resgatadas na lupa. E hoje meu coração pincelando de cores nos novos momentos. Eu me pego sorrindo, do nada. Afago perdido no traço do rosto. Ao fundo, vislumbro Toruk, um pouco abandonada pelo desuso recente e talvez, precoce. Tanto fez parte de mim, relação de afeto e desafeto. Pronta pra ser colo de outro. Sim, ela vai ficando no passado. Parece que para a ciência meu caso revela um avanço prematuro. Será que essa ciência ignora o valor de cada segundo dessa condição ou a devastação que dela se alastra?  Abraço o travesseiro. Toque de recolher. As luzes dos letreiros mais uma vez se deitam no assoalho. Lembro do silêncio que antecedeu a despedida de uma “Na’vi” querida que partiu de volta para terra hoje à tarde, se despindo de seu Avatar. O abraço do adeus. Tantos ainda com locomoção em rodas e eu contemplada com uma lesão medular mais que parceira. Mistura de alegria e tristeza...

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