"Tire a mão da
barra"...um start me autorizando a ir em frente sem medo...apostar no
equilíbrio certeiro, no passo firme, determinação para tocar em frente, sem
dúvida. Entender o silêncio, o gosto da lágrima, a espera. Querer o incerto,
reavivar a alma sem perder o prumo, sem ceder a tarde. Em um segundo minha vida
muda, desaba...eu era de um jeito e fiquei sem ele. A lucidez é ácida...
"Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço"...extrato de
um filme e esse é inédito... e sem encarte nem sinopse...as imagens vão
nascendo com um segundo de antecedência...coração me enchendo por dentro...os
momentos precedentes ainda ecoavam na minha mente...assim entrei na sala. Eles
eram 12 e entre eles meu médico. Atravessei a sala em linha reta.
- Onde você mora? – Indagou o
médico-chef, imagino eu.
- Em Natal.
- No aeroporto de lá, a saída do
avião se faz por finger ou no pátio?
- Finger...
- Ah...assim não tem graça... – Ele
riu em seguida e eu também!
Creio que recebi alta. Depois de
uma hora de conversa, saí. Os corredores pareciam sem fim. Eu com pressa de
viver. Choro e riso. Vontade de decolar. Recebi muitas restrições, obviamente.
Mas todas elas me devolviam a vida, sem mesquinharias. Muitas perguntas me
foram feitas e as respondi como se as respostas já estivessem prontas desde o
começo de minha vida ou em seu recomeço.
- "Vocês sabem tudo sobre
lesão medular, têm uma experiência indiscutível e incontestável. É importante fazer um dia de treinamento na
pele de um paciente LM, vivenciando sua vida. Isso dá certamente a ideia do
nível de dificuldade que passamos na rotina. Mas ainda assim, não conhecem a
condição de uma pessoa com lesão medular".
- Você deveria abrir um blog. – disse
uma médica. Mal sabia ela que isso aqui já me contava.
- Sua recuperação foi
inacreditável. Como você vai dizer para as pessoas?
- Eu tenho que dizer primeiro para
mim...Renasci dos escombros, bem mais forte e voraz.
"Não perca sua segunda
chance, você caiu pra cima!”.
Não vou desperdiçá-la. Pode
deixar. Meu caminho tem outro Norte e vou trazer sempre comigo o que me
modificou. Não me esqueço do que me machucou, mas não vivo disso. Vivo do que
me dá verdade e sentido. Não vou perder de vista cada centímetro que me
arrastou, cada segundo que me construiu, cada gota de suor e respeito a dor. A
solidão é mesmo calada. Vou voltar para casa...diferente...não ilesa...não
imune...uma alegria constrangida...feito um soldado que volta de uma guerra,
deixando seus companheiros no terreno de batalha, na luta, já cheios de marcas
e limitações. Estarei entre dois mundos, confrontando desejo e realidade. O que
farei de quem me transformei? O que eu faço de quem me tornei? Não sei...eu só
sei que "me vejo o tempo todo começar de novo"...e sou e tenho tudo
pela frente...O começo do recomeço ...e...tirei a mão da barra.
Kalina parabéns.A sua luta não foi em vão. Ela serve tanto para o seu crescimento pessoalmente, como você sempre relata em suas postagem, como para o nosso crecimento pois seus textos nos levaram a uma serie de reflexões sobre nos mesmo e por consequência o nosso próprio crescimento. Alem dos meus parabéns por esta vitória deixo aqui o meu muito obrigada.
ResponderExcluirBeijos
Edna
Minha linda, muito obrigada por compartilhar seus momentos com a gente, nos fazendo sentir um pouco das suas sensações. Confesso que é muito mais tranquilizante ler a história já sabendo o final [ou o recomeço] dela, sempre tive a mania de ler sempre o último capítulo dos livros primeiro só pra saber o que me aguardava...Com seu blog não pude fazer isso, mas já o imaginava. Bjus, cuide-se!
ResponderExcluirVc me tira do chão1 Criei estradas sem fim em mim. Por que não divulga seu blog para que todos possam crescer como crescemos em sua convivência? Abraço arrepiado
ResponderExcluirGuerreira, Deus te abençoe hoje e sempre.
ResponderExcluirEmoção pura!
ResponderExcluirEncantadoramente emocionada... Estímulos, recomeço, mudanças e reencontros... Seja feliz, minha lindaaaaa... Precisamos cantar muito ainda. Um abraço musical para você
ResponderExcluirFico muito feliz, chego a ficar emocionada. vc é forte, vc consegiu,parabéns!!!Vc venceu!!!!!
ResponderExcluirBeijo no coração. Dola (Maria Dolores).
Minha amiga, estive na sua outra terra, "Paris" e não tinha mais lido seu blog, agora que li estou chorando de felicidade, eu sempre soube que ias conseguir, pois pessoa como vc no mundo há poucas... Aprendi mto lendo a sua história e agradeço por abrir os meus horizontes num mundo em que desconhecia. Escreva um livro,pois com certeza será um bestseller. Beijos Gi
ResponderExcluirEdna: a construção foi certamente mútua e recíproca. Agradeço sua presença e respeito. Bjo pra vc!
ResponderExcluirIara: um recomeço latente é sempre feliz! O passo continua sob sua vigília.
Anônimo: não sei divulgar além de minhas mídias. De fato, se eu soubesse que ajudaria a alguém, me empenharia mais, descobriria como. Mas prefiro deixar para os que sabem fazer e se habilitam. Se voc~e puder ajudar nisso...Obrigada pelas palavras.
Marcia: Minha amiga! Obrigada por vc está aqui! Bjo
Marina: Muita, muita, muita!!rsrs
Artemisa: "por cima das casas KAL"!!! rsrs...cantaremos sim! Obrigada pelo som da emoçao!
Dola: Viva!!!! Obrigada! Bjo no coração!
Giani: Também estou muito feliz Gi...que bom que vc aceitou meu mundo, ainda que diminuído para fazer vc maior do que já é. Não deixe morrer isso aí dentro. Divida-se como eu fiz. Beijo grande!
Kalina, sou eu, Georgia, de Brasília.
ResponderExcluirEstou lendo sua história de trás para a frente. Primeiro, soube do começo, do acidente, do diagnóstico. Perdi o fio da sua história e agora vejo (emocionada) o resultado da sua luta e a sua brilhante trajetória. É muito estranho ler do final para o começo mas, ao mesmo tempo, é um alívio saber que você está de volta à sua vida e que é dona dela outra vez. Parabéns, parabéns, parabéns! É ser muito bom poder viver de novo.
Beijo,
Georgia, que surpresa...eu não sabia que você sabia. Foi tudo muito estranho, parece que vivi anos assim. A luminosidade da vida mudou e me modificou junto. Agora estou bem e feliz. Beijo pra você.
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