Quando era pequena eu acreditava
ter criado uma "teoria". Sempre que eu procurava muito um par de
meias, em uma pressa desesperada - mas não era qualquer par de meias, era
aquele que combinava com os tênis, com a saída e não "cabia" outro -
obviamente, não o encontrava e tinha que ceder a um outro sem
"graça", ainda que solidário, hiper útil, salvador até, porém tão
desvalorizado por causa da situação. Pois bem...dia seguinte, era a vez de
perder a chave da gaveta do escritório e dentro dela, estava o documento
importantíssimo para fazer a inscrição do...digamos...vestibular, pois aquele
dia seria o último prazo...ou, sei lá... a carteira do plano de saúde, pois a
consulta marcada há 3 meses aconteceria em uma hora. Sabe aquela busca louca
por necessidades específicas e insubstituíveis, deixando rastros do tipo
"um ladrão passou por aqui!?”. Adivinhem o que eu encontro ao invés da
chave? Claro!!!...é isso mesmo...o tal par de meias...o mais incrível: onde foi
parar a super importância daquele mísero par de meias?
Como em um dia, ele era o meu mais precioso tesouro e no outro ele tornou-se tão insignificante? Tenho a impressão de dar importância atrasada ou adiantada a algo, mas nunca com pontualidade...ou sou pontual sim, mas não dou o valor certo a cada coisa. Parece que tudo estava tão ali ao alcance que me dei ao luxo de adiar ou mesmo ignorar. O que isso tem a ver com o que estou vivendo agora? Foi essa a pergunta que lhe veio à cabeça? (não, minha lesão medular não afetou o cérebro). Se foi esse o questionamento, será que essa pergunta veio atrasada ou cedo demais? Bom...por via das dúvidas, eis-me respondendo em considerações: não se pode deixar para última hora a importância de algo imprescindível e incontornável. Desconfie que algo importante passa despercebido enquanto "as pessoas na sala de jantar estão ocupadas em nascer e morrer". Tenho tempo agora de perceber se as pernas funcionam, o caminho com rastros imaginários por onde eu deveria ter trilhado minhas marcas. Tenho tempo suficiente para não ter pressa para nada e enxergar os detalhes mais importantes. Ainda há tempo, fique atento. Não se procrastina a importância ou o valor das pessoas. Não se adia a relevância dos fatos. Não se protela o será necessário ou útil em algum momento. É importante? Então não perca suas meias...assim você não vai precisar procurá-las quando sentir frio nos pés.
Ainda há tempo, e como há tempo!
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