Voltei...estou em falta
comigo...os afazeres me deglutiram inteira. Uma sede interminável de produzir.
Mas ainda assim, não tive como esquivar-me do reencontro com o tempo... seria
injusto...porque é necessário lembrar daquele dia, e já faz um ano. Por essa
hora, ano passado eu não tinha a menor ideia do que iria me acontecer em
algumas horas...tive a impressão de cair em uma eterna noite sem estrelas para
me guiar. Fui enterrada viva e não sabia mais como me trazer à tona. Por culpa?
Por negligência ou desatenção? Pela escolha equivocada no caminho? Poderia ser
qualquer coisa, mas nenhuma justificativa afagava o resultado. Cada segundo foi
eterno e estagnante. Eu contei para mim, mas eu não conseguia acreditar. Tudo
esguio, trépido, amargo...espécie de nostalgia ou saudades do que eu deveria
ter feito antes do acidente, do que eu havia desviado, desistido de viver,
adiado...tudo vinha como um rolo pela garganta para engolir, sem lamentações.
Conheci anjos dentro de seus avatars que modificaram a rota do meu sentido, e
mostraram o gosto da busca e o tempo que dura a esperança. Fui parada pela vida
para amá-la muito mais. Sei quanto dura um segundo quando dói. Nessa parede
branca na qual escrevi e ainda arrisco algumas notas, aproximei-me de você, conhecido
ou desconhecido do outro lado dessa tela. Não foi som mudo de quem aturou meu
monólogo. Portanto, nessa virada de calendário, revisitei como um filme minha
trajetória em um resgate pessoal. Voltei hoje, boa razão para retomar a
escrita... Dia 12 de abril...parece clichê...não me importo...mas hoje é o
aniversário daquele golpe incisivo, e verdadeiramente o acontecimento que
marcou o primeiro dia do resto de minha vida.